Não quis abrir meu olhos
pesados, cobertos de uma matéria densa de realidade desconcertante
Não quis ver os fantasmas que me cercavam
permaneci com seus gritos em meus ouvidos
Queria fugir antes que meu mundo se quebrasse
mas os cacos já estão caindo
estilhaços em minha pele
lagrimas de sangue escorrem quentes
grito um silencio
Sinto a carne ferver dentro de mim
a dor precisa ser vivida
para um dia cessar
ficar suportável em fim
vivendo no rombo que criou
ocupando aquele vazio
corroendo aos poucos
deixando a vontade
do que foi, do que seria
do que não existe
tropeçando nos erros
afogada nos medos
engoli as desculpas
finji uma coragem
e quando abri meus olhos
estava em um canto estranho
perdida naquela saudade
que habita um eterno dentro de mim
o tempo tinha passado
e eu não tenho mais tempo